Influenciado pelas pesquisas de Raymond Moody, Kenneth Ring, que foi professor de psicologia na Universidade de Connecticut, nos EUA, estudou durante duas décadas o fenómeno da «quase morte». No seu livro «Lições da Luz», descreveu numerosos casos que teve oportunidade de investigar. Um dos mais interessantes é o primeiro caso narrado nesse livro por um dos seus alunos, de nome Graig, o qual quase morreu afogado num Verão, em resultado de um acidente de canoagem.
«A corrente estava a puxar-me para o meio do rio, onde havia uma queda de água … e um súbito desnível de cerca de 120 metros … A corrente era muito forte e remar só me fazia andar às voltas …. E lá fui eu direito à queda de água, com a canoa a afundar-se já virada …. A força da água levou-me a bater no fundo. Fiquei lá pregado por essa contínua força esmagadora…. Algumas cenas da minha vida começaram a passar perante os meus olhos a velocidades vertiginosas. Parecia que eu estava a ser um observador passivo no processo e era como se outra pessoa estivesse a manejar o projector. Estava a olhar para a minha vida objectivamente pela primeira vez. Vi o bom e o mau da mesma forma. Percebi que essas imagens eram uma espécie de capítulo final da minha vida e que, quando as imagens parassem, perderia a consciência para sempre. Fiquei pasmado quando me vi sentado numa cadeira de bebé a apanhar a comida com a minha mão direita e a lançá-la para o chão…. Revivi um acidente de barco quando tinha sete anos… Parecia que todas as cenas tinham a ver com experiências com as quais eu tinha aprendido …. As imagens continuavam a alta velocidade e eu soube que o tempo se estava a acabar porque as imagens se estavam a aproximar cada vez mais do presente. Depois as imagens cessaram e só houve escuridão… Senti-me a mover-me através dum vácuo escuro. Era como um túnel …. Como se me estivesse movendo à velocidade da luz, através da escuridão e lá ao longe podia ver pequenos pontos luminosos que pareciam ficar cada vez maiores … Até que tudo se tornou numa imensa massa de uma linda e brilhante luz branca… Em breve eu era envolvido por ela e sentia-me como se me tornasse uno com a luz. Ela parecia ter a sabedoria de todas as coisas que há para saber e aceitava-me como parte dela. Senti-me como se soubesse tudo durante alguns minutos. De repente tudo parecia fazer perfeito sentido. Todo o mundo parecia estar em total harmonia … Nunca tinha sido capaz de ver isto desse ponto de vista … Tudo o que sei é que estava num nível de pensamento mais elevado do qual não nos podemos aproximar quando limitados pela natureza física da mente… Fiquei chocado ao descobrir que estava a flutuar para cima e em pleno ar sobre o rio … Agora podia ver e ouvir como nunca … As coisas que estavam perto eram tão claras como as coisas que estavam longe … Não havia nada turvo na minha vista. Senti-me como se tivesse estado limitado pelos meus sentidos físicos todos estes anos… Sabia que o meu corpo físico estava a cerca de dois metros abaixo da superfície da água, mas isso não parecia importar-me…. Descobri que poderia sobreviver sem a dor nem o sofrimento da existência terrena…. Sentia-me como se fosse uma forma de energia que não poderia ser destruída nunca… Eu sentia-me melhor que nunca na minha vida…. Sentia-me como se pudesse ir a todo o lado do universo, num instante… Estava no ponto máximo da minha euforia … quando uma voz trovejou na minha cabeça: o que pensas que estás aí a fazer? Não deves morrer ainda, estás a ser egoísta …. Nessa altura comecei a ver a figura de um homem parcialmente transparente e velho na aparência e… percebi que era com ele que havia estado a comunicar… Era como se ele estivesse a dizer-me que a existência terrena podia ser muito bela quando vista através do estado de espírito certo… Não passou muito tempo a compreender que no fundo eu queria voltar e viver a minha vida intensamente, embora este lugar me fizesse sentir tão bem… Esta experiência mudou a minha vida de diferentes modos. Por um lado não estou receoso de morrer…. Sei que o processo da morte não é nada como aquilo que eu pensei que seria … Percebo agora que o nosso tempo aqui é relativamente curto…».
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