Fui-me apercebendo ao longo do tempo de que o mundo dos fantasmas está muito mais enraizado na vida dos portugueses do que imaginara. A maior surpresa veio de uma família das minhas relações, em cuja residência aconteciam fenómenos muito estranhos.
É um confortável palacete construído no início dos anos setenta pelo então jovem casal Ramos sobre o cemitério de um antigo convento, perto do Rio Almonda, no distrito de Santarém. Desse convento restam ainda algumas ruínas a poucas dezenas de metros do palacete, uma vivenda de sonho, cercada de um belo jardim arborizado, que inspira bem-estar e tranquilidade.
A primeira vivência marcante de Dora naquele casarão ocorreu quando Francisco, o filho mais novo, estava prestes a nascer. Depois de perder a consciência, viu-se na zona do tecto, olhando o seu próprio corpo, assistindo aos socorros que o médico lhe prestava e ouvindo as conversas das pessoas presentes, sem poder comunicar com elas.
Mas novos eventos, bem mais assustadores, passaram a abater-se sobre o palacete. Este transformara-se numa casa assombrada.
Interessei-me pelas peripécias daquela família, sobretudo enquanto os quatro filhos do casal foram crianças. Todos eles eram pessoas normais, da classe alta, felizes e equilibrados, sem conhecimentos de parapsicologia nem ligações de qualquer espécie a crenças espíritas. Sentiam apenas que algo estaria errado quando as «almas do outro mundo» resolveram fixar-se no palacete.
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