Dora, com o seu modo de ser descontraído, acabou por habituar-se a lidar com aquela situação, acomodando-se. Mas os filhos assustavam-se. José, o chefe da família, com os pés bem assentes na terra e sempre absorvido pelas suas actividades profissionais, ridicularizava as narrações que os familiares lhe faziam. Ele acreditava apenas no que via. Nada de almas do outro mundo nem de casas assombradas! Aquilo que «a priori» poderia parecer anormal deveria ter uma explicação qualquer, bem terrena. Mas a sua descrença acabou também por ser posta em causa. Numa bela noite, ao entrar na residência, uma estranha ave sobrevoou-o, sumindo-se a seguir, como se fosse um animal vaporoso, vindo de outra dimensão. E a cena repetiu-se várias vezes, deixando José muito inseguro.
Francisco, a caminho dos dois anos de idade, acordava por vezes com um choro convulsivo, explicando à mãe que fora atacado por uma mão peluda, que afastava as roupas da cama e o tocava. Um fenómeno que acabou por diminuir de frequência e intensidade com o crescimento do rapazinho. Era um fenómeno bem conhecido dos parapsicólogos, tendo sido estudado e explicado por Óscar Quevedo.
Dora tinha orgulho no seu valioso tapete de parede. Custara-lhe uma pequena fortuna. Mas a partir de certa altura passou a evitar olhá-lo. É que dele saíam espíritos semitransparentes.
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