Era um homem respeitado e com elevado sentido de Estado.
Fundador e presidente de um Partido bem sucedido, era também um excelente político e um brilhante professor universitário, com méritos reconhecidos ainda no tempo do Estado Novo.
Sendo a segunda figura do Governo da época, foi ele quem anunciou oficialmente ao País a morte de Sá Carneiro, o seu Primeiro-Ministro.
Daí que todos tenham ficado espantados quando Freitas apareceu como ministro de José Sócrates, acabado de ascender a secretário-geral do PS.
Como fora possível a um eminente catedrático de Direito e distinto político e ex-presidente do CDS dar tamanha cambalhota? Qual a vantagem para si ou para o País aparecer perante a opinião pública como um «traidor» ao seu partido ou um reles «vira-casacas»?
Quando Sócrates estava sendo atacado, em certa altura, por todos os órgãos de informação, Freitas apareceu nas televisões defendendo servilmente o seu chefe, embora de modo acabrunhado e forçado, garantindo com a convicção que não tinha aquilo que não poderia garantir, defendendo o indefensável, e esquecendo que o melhor defensor de Sócrates é o próprio Sócrates, como este já provara anteriormente.
Até que, como ele explicou ao País, passou a sofrer de umas estranhas dores lombares que o «obrigaram» a abandonar o lugar de ministro dos negócios estrangeiros, deixando claro que continuava a defender Sócrates e as suas políticas.
Pensei que o homem, a partir daí, se remeteria ao silêncio. Mas enganei-me.
Recentemente, para surpresa geral, resolveu mudar de agulha e trair a confiança do seu chefe. Sem vergonha, vem agora atacando Sócrates enquanto Primeiro-Ministro e enquanto pessoa.
O que terá acontecido na sua cabeça? Julgará ele que Sócrates está irremediavelmente perdido e que, atacando-o já, enquanto é tempo, poderá voltar a apanhar o comboio em movimento e a ser ministro dos negócios estrangeiros, desta vez ao serviço de Passos Coelho?
Ou desejará reconquistar o prestígio perdido? Se for esta a sua intenção, julgo que vem tarde de mais, além de poder ser acusado de utilizar métodos pouco corteses para com o seu ainda recente amado líder.
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