A classe política é muito gulosa em matéria de dinheiros. Quanto mais melhor. Já nem me refiro aos proventos ilícitos mas somente àqueles que a lei concede, ou seja, aos legais. «Legais» que seriam «ilícitos» se a nossa República não tivesse inventado leis tão injustas.
Não há ex-Presidente da República ou ex-Primeiros-Ministro que não receba pelo menos duas pensões. E deputados são aos montes.
Cavaco Silva cumula uma pensão do Banco de Portugal com a de funcionário público (professor), não tendo ainda requerido, ao que se diz, a subvenção vitalícia correspondente ao exercício do cargo de Primeiro-Ministro, o que é de louvar.
José Sócrates terá direito a cumular as pensões completas associadas aos cargos de funcionário municipal, deputado e Primeiro-Ministro.
Surpreendido, ouvi na manhã de ontem, na RDP 1, uma conhecida dirigente do PSD afirmar que Pedro Passos Coelho é um homem desprendido, tanto assim que prescindiu da pensão de deputado.
No momento em que terminou os seus dois mandatos de deputado (de 1991 a 1999), com 35 anos de idade, venceu o direito a uma subvenção vitalícia de 32% do respectivo vencimento, passando a 64% ao perfazer 60 anos de idade ou ao ficar incapacitado.
Da conjugação das Leis 4/85 e 26/95, resulta a conclusão de que Passos Coelho não perdeu o direito a essa pensão, podendo requerê-la em qualquer altura. Se terá ou não direito aos retroactivos é algo que tais leis não esclarecem.
Seja como for, este cidadão terá dado até agora um sinal claro de não estar na política pelo dinheiro. O que é muito meritório e excepcional nos tempos que correm.
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