segunda-feira, 22 de agosto de 2011

VIAGEM AO FUTURO

18 de Janeiro de 2012
Nunca se vira uma coisa assim ao longo de séculos. Tudo começou em 30 de Outubro de 2011 quando, inesperadamente, o parlamento alemão tomou uma medida drástica: a saída do seu país do euro. Os governos europeus protestaram mas os germânicos mostraram-se inflexíveis e aquela decisão inabalável representou o fim abrupto da moeda única, que deixou de ser aceite internacionalmente e dentro da própria Europa. O pagamento das tranches aos países resgatados foi suspenso, Itália, Espanha e outros Estados europeus entraram em bancarrota, e a França, para manter alguma actividade económica, pediu auxílio aos EUA e à China. Em Inglaterra regressaram os motins e na Grécia os mais exaltados saem às ruas e incendeiam tudo o que tenha a ver com a Alemanha, incluindo escritórios, bancos e automóveis das marcas Mercedes, Áudio, VW e BMW.
Em Portugal o dinheiro e os depósitos bancários deixaram de ter valor, os pagamentos aos funcionários públicos, aos pensionistas e aos trabalhadores do sector privado foram suspensos, as bombas de gasolina e os Bancos estão encerrados, raros automóveis são vistos a circular nas perigosas estradas, os hospitais funcionam a meio gás por falta de recursos, a electricidade é cortada 12 ou 13 horas por dia, e pelas ruas das cidades espalharam-se exércitos de miseráveis, muitos deles crianças, implorando auxílio. Hordas de bandoleiros, saídos das periferias, destroem tudo quanto encontram na via pública, já incendiaram a Assembleia da República, diversos ministérios e centenas de estabelecimentos comerciais, perante a ausência total de policiamento. Muitas pessoas perguntam para que servem os 40 mil militares das forças armadas, cuja presença ninguém notou ainda. A desordem e o caos são generalizados. Alguns têm esperança de que certos países emergentes nos dêem algum tipo de ajuda, mas esta tarda em chegar e os mais debilitados vão morrendo à fome ou pela doença.
Os amigos João e Augusto, na luta pela sobrevivência, fugiram da capital e refugiaram-se nuns terrenos agrícolas na zona de Nafarros, que passaram a cultivar com empenho. Durante o dia trabalham sem parar mas durante a noite enquanto um dorme o outro vigia as hortas, revezando-se, na esperança de os seus produtos não serem roubados. Muitos milhares de pessoas estão a abandonar as cidades e a caminhar em direcção aos campos abandonados das Beiras e do Alentejo.
Em grande parte da Europa, e mesmo nos Estados Unidos, existe uma onda crescente de ódio contra a Alemanha que, ao que consta, está a reforçar as suas forças armadas e a aumentar a produção de material bélico, enquanto o partido nacionalista «Verdes pelo Povo» incita os alemães a escorraçarem milhões de imigrantes e a tomarem posições defensivas contra possíveis ataques dos povos «chulos» do mediterrâneo.

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