Percorri a saudosa Vila da minha infância e, naquele recanto, fui assaltado por uma sensação de nostalgia, difícil de descrever, um estado de espírito melancólico mas ao mesmo tempo agradável. Uma imagem muito viva e nítida da criança que eu fora aos quatro ou cinco anos de idade, quando as cores e os cheiros me pareciam mais intensos e a vida era uma eternidade, circunscrevendo-se o meu mundo ao vale delimitado por montanhas distantes.
Adorava ir à noite ao pequeno e frondoso parque para andar nos cavalinhos do carrossel, instalado junto de um pequeno lago artificial, sob a luz fosca dos candeeiros quase escondidos na folhagem das árvores.
Os mais crescidos faziam girar o carrossel puxando o arco metálico interior, mas eu estava dependente dos meus familiares. Exigia que os cavalinhos andassem depressa, cada vez mais, até ficar tonto. Que alegria, que paixão! Aquele era o meu paraíso.
O que terá desencadeado, de repente, essa imagem tão viva na minha consciência? Não tinha dúvida, fora o cheiro delicioso das tílias em flor! Era esse o odor que impregnava a atmosfera do parque naquele tempo.
Já lá não está o carrossel, nem sequer o lago com peixes coloridos.
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