Sei que ando ácido, irritado, mal disposto, zangado com o Mundo. Mas, mesmo que a minha disposição fosse boa, não poderia deixar de constatar que há dias em que eu não deveria sair de casa. No sábado passei pelo quiosque, comprei o semanário «Expresso» e fui lê-lo para o café «Etecétera». Aqui, silenciosamente, decidi tentar adoptar um espírito mais positivo. Prometi a mim mesmo que passaria a andar sereno e feliz, quaisquer que fossem as circunstâncias exteriores.
No dia seguinte entrei na «Pastelaria Zorrinho» com o caderno de economia daquele jornal debaixo do braço, a única parte que ainda não havia lido. E estava eu absorto na leitura quando alguém, da mesa ao lado, me perguntou:
-- Esse jornal é seu?
-- De quem havia de ser?
-- É que me falta essa parte no meu «Expresso» e estou a ver que você não tem o resto do jornal!
-- Olhe para mim, tenho cara de ladrão de jornais?, gritei indignado.
-- Quem vê caras não vê corações…
Passei-me da cabeça e o resto não vou contar, não vale a pena.
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