quarta-feira, 2 de novembro de 2011

KADAFI - 2


Lembro-me muitas vezes daquela personagem lendária, envergando uma indumentária exótica e assumindo um ar de suma importância. Erecto, de cabeça erguida, olhava o mundo de cima para baixo como se fosse um deus e tivesse o rei na barriga, julgava-se uma espécie de entidade divina, pretensamente idolatrada pelo seu povo e por todos os povos do mundo. Aos seus pés vergavam-se os grandes líderes ocidentais, incluindo os do Reino Unido, EUA, França e Itália, para não falar dos de Portugal, os quais, com subserviência, foram à Líbia festejar a sua ditadura sanguinária de 40 anos, com aviões militares portugueses a sobrevoar alegremente o palanque… Depois veio, em consequência do ataque soez e traiçoeiro de um avião enviado pelo seu grande amigo Sarkorzy, o fim que ele nunca imaginou. Humilhado, insultado, agredido, picado, violado, ensanguentado, cabelo desgrenhado. Pareceu emitir pedidos de clemência não atendidos pelos seus cruéis assassinos, que o abateram ali mesmo, nas areias quentes do deserto, quando um «herói» o alvejou a tiro, negando-lhe um julgamento justo. Um espectáculo bárbaro que o mundo presenciou. Mas por vezes interrogo-me: um terrorista que mandou derrubar à bomba um avião civil cheio de homens, mulheres e crianças inocentes, matando quase três centenas num ápice, merecia melhor fim?

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