Ao ver o rapaz chegar de vespa para tomar posse do lugar de ministro, pensei «finalmente aqui vem um gajo pobre, honesto e competente para o governo do meu país». Mas poucos meses depois, quando o Mota Soares passou a deslocar-se num «audi» novinho em folha, topo de gama, que custou ao Estado 86 mil euros, concluí «afinal é um palerma igual aos outros». Há bocado estava a jantar e, olhando a televisão, vi-o pela primeira vez a dar uma entrevista. O homem não respondia às perguntas da entrevistadora, ele tinha a ladainha decorada na cabeça e limitava-se a pô-la na ponta da língua, despejava apenas a verborreia programada. «Ó Judite rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr», «Ó Judite rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr». Aquele não era um político claro e sereno, soava-me a matraca ou a camartelo ruidoso que me agredia os ouvidos. Desliguei o televisor.
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