sábado, 21 de janeiro de 2012

Os campónios americanos e os chouriços

Arranjei um dia emprego num restaurante de Nova Iorque para me sustentar enquanto andasse a conhecer aquela região. Julgava eu que o povo americano era muito evoluído mas depressa concluí que a mentalidade de muitos daqueles descendentes de emigrantes e de escravos é a mesma dos nossos pobres campónios beirões que, poucos meses depois de emigrarem para  França, vinham de lá a exibir ridículos trajes berrantes e a falar copiosamente das suas vacanças. Causava-me estranheza ver tantas bandeiras americanas espalhadas pelas ruas da cidade e pelos quintais das vivendas situadas nas localidades próximas. Depois compreendi que, quanto mais inseguros fossem os ex-emigrantes, maior era a sua preocupação de demonstrarem patriotismo serôdio. Alguns deles foram bem sucedidos e ganharam muito dinheiro, a começar pelos ligados à camorra napolitana ou à cosa nostra siciliana. E, em vez de se movimentarem pelas ruas em automóveis normais, para darem nas vistas utilizavam uns carros ridículos, de comprimento descomunal. Quase toda a gente os designava de limousines. Eu chamava-lhes chouriços.

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