O meu avô vive perto de
uma universidade, criada há alguns anos, num desassossego constante. Durante as
noites, incomodado com estranhos ruídos, espreita pela janela e vê na rua, durante
horas e horas a fio, manadas de vacas com e sem capa e batina, em cio, a uivar,
uivar, uivar, sem parar. Ouve manadas de bois, com e sem capa e batina, a ladrar
e zurrar sem cessar. Muitas vezes juntam-se vacas e bois, com copos nas mãos,
que passam horas intermináveis a ganir, a latir, a uivar, a zurrar... E até a
mijar. Ninguém sabe se lhes dói alguma coisa, zurram, uivam, ladram, ganem, e
pronto. Não há explicação. O pior ainda são as cabras e os chibos que se juntam
nos apartamentos que alguns alugaram no seu prédio. É um forrobodó todas as
noites. Bebedeiras sonoras, patadas, marradas, gritos histéricos que atravessam
as paredes e as lajes. Um inferno, uma selvajaria. Chama a polícia que lhe diz nós não podemos fazer nada. E ele,
zangado, lembra-lhes então tragam os
sonómetros de precisão, meçam os barulhos destes animais e apliquem as coimas
que vêm na lei do ruído! Mas eles nem sabem que lei é essa, uma porra…
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