Desde há uns largos anos,
no Inverno, vou frequentemente à praia do Meco. Sozinho. Apenas para meditar em
paz, longe do bulício da cidade. Um local sossegado, solitário, paradisíaco. Gosto
de olhar aquele mar agitado e ver, lá ao fundo à esquerda, o Cabo Espichel. Mas
estou a pensar abandonar de vez o meu refúgio. Passei a ter pesadelos
horríveis, alucinações auditivas e visuais. A seguir ao afogamento de meia
dúzia de estudantes perdi a paz que ali buscava e por vezes alcançava. Oiço dentro da minha cabeça coisas estranhas. Um Dux autoritário
ordenava aos seis sentenciados, de costas voltadas para o mar, MAIS DOIS PASSOS ATRÁS!. Estranhamente,
as vítimas, embora sabendo que aquele era um jogo perigoso, obedeciam cegamente
às ordens sagradas do Chefe. O Regulamento Secreto da sádica Irmandade tinha de
ser cumprido à risca, sem hesitações, quaisquer que fossem as
consequências. MAIS DOIS PASSOS ATRÁS!,
berrava de novo o Grande Dux. E os desgraçados, com a
água pelos joelhos, recuaram ainda mais para o abismo. Muito pior do que o meu
violento curso de Rangers em Lamego que precedeu a partida para o Iraque. Até que aconteceu aquilo que era
previsível. Uma das altas ondas que surgiam a cada 30 segundos levou os
praxados para sempre. Eles andavam ali para se divertirem e não para morrerem.
Mas morreram! Claro que essas imagens horríveis resultam da minha mente perturbada.
Sofro agora de esquizofrenia. Sou atacado por alucinações todos os dias, as quais não
terão cura segundo diz o Dr. Palha. O meu pesadelo não é sequer suportado pela realidade. Tanto assim que ficou provado que os
sete jovens fardados de estudantes não estavam ali em praxe alguma mas tão só
para conversar sobre coisas triviais, às duas horas da madrugada, depois de terem percorrido a pé mais de sete quilómetros. Morreram todos, excepto o Grande Dux.
Este foi salvo por um Milagre Divino que ficará nos anais da Igreja e que
conduzirá muitos fiéis em peregrinação à sua porta. Por muitos anos, enquanto a humanidade não perder a Fé.
Senhor Serrano, que voltas você deu ao texto apenas para dizer o óbvio e aquilo que toda a gente sabe, excepto o funcionário do ministério público: aquilo foi uma praxe assassina! Uma cabeça que pense o contrário é que não estará no seu juízo perfeito! Repito: quer se tenha provado ou não, aquilo foi uma praxe criminosa!
ResponderEliminarOs familiares das vítimas, em vez de terem andado com pezinhos de lã com o responsável pela tragédia, deveriam tê-lo atacado logo de início, pois era evidente que acabara de cometer um crime horrendo.
ResponderEliminarO advogado e os pais das vítimas do Dux estão cheios de razão.
ResponderEliminarHá montes de parolos a administrar a justiça armados em ditadores
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