sábado, 12 de outubro de 2013

Condenação de um vigarista benzido por políticos

O Tribunal da Relação de Lisboa manteve a decisão de primeira instância que condena o antigo director da Orquestra Metropolitana de Lisboa Miguel Graça Moura a devolver, no prazo de um ano, 210 mil dos 720 mil euros que gastou em proveito próprio nos anos em que esteve à frente da instituição. Caso não o consiga, terá de cumprir cinco anos de cadeia, pelos crimes de peculato e falsificação de documentos. De cuecas de fio dental a electrodomésticos, passando por armações de óculos, charutos e estadias em resorts turísticos de luxo em vários pontos do globo, foram inúmeras as despesas feitas pelo maestro a expensas da Orquestra Metropolitana de Lisboa entre 1992 e 2003. Fundador desta instituição financiada por várias autarquias e ministérios, além de remunerações que chegavam aos 15 mil euros mensais, Graça Moura beneficiava de regalias como casa e carro de função. Era a orquestra que lhe pagava também não apenas a água, a luz, o telefone e as desbaratizações da residência - na qual mandou construir uma piscina, igualmente à conta do erário público -, como também parte da indumentária, incluindo um vestido com padrões felinos. As juízas do Tribunal da Relação que analisaram o caso invocam os elevados montantes despendidos em "gastos totalmente voluptuários e despropositados (perfumes, charutos, aluguer de Porches, refeições e vinhos de preços escandalosos)" para concluírem que, mesmo que tivessem sido devidamente autorizadas, essas autorizações "ofenderiam os bons costumes enquanto valoração do social e moralmente aceitável, tendo em conta a gravidade dos factos". O maestro foi também condenado, por ter montado, com a colaboração de uma cúmplice que se identificava como Zoraida de Amor, uma sociedade offshore no Panamá para fugir ao pagamento de impostos sobre os seus vencimentos.  Os três juízes que também não viram com bons olhos a defesa que Manuela Ferreira Leite fez do maestro em tribunal na qualidade de testemunha abonatória.

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