quinta-feira, 2 de maio de 2013

Τι κάνεις εδώ με τις γάτες μου?


Gente boa procurou salvar os gatos da Vila e largou-os ao longo do pontão, sujeitos à violência das ondas do mar mas mais protegidos das acções de perseguição e liquidação. Algumas pessoas vão passando por ali e distribuem-lhes água e comida. Os animais foram demarcando os seus territórios e, sempre que vêem alguém com um saco de plástico na mão, saem dos respectivos buracos e imploram alimento. Incapazes de pescar, ao contrário das gaivotas que os sobrevoam, eles estão dependentes da generosidade de habitantes condoídos. Há dias levei-lhes duas refeições. Dei-lhes secos na primeira passagem, e na segunda mimei-os com carne enlatada, que eles disputaram com avidez. Ao sentar-me na extremidade do pontão era seguido por uma dúzia de gulosos bichanos. Foi então que uma burra mulher pegou numa máquina fotográfica e apontou-a aos gatos e à minha pessoa. «Não lhe dei autorização para fotografar-me!», protestei irritado. Veio-me então a imagem de outra cena desagradável. Era a primeira vez que eu via tantos gatos instalados ao longo de amontoados de pedregulhos junto à costa. Quando eu dava alimento a alguns deles, apareceu um homem de alguma idade que também transportava comida. Com ar feroz, olhou-me e vomitou uma frase que não seria agradável mas que eu não conseguia entender. « Τι κάνεις εδώ με τις γάτες μου?» Respondi com a certeza de que também ele não me entenderia: «Deixa-me em paz, meu porco ! »  Estaria ele convencido de que adquirira direitos exclusivos de alimentar gatos naquele local? Que mal estaria eu a fazer? Talvez ele fosse um bastardo maluco deixado ali em tempos por Mussolini, que gostava de passar férias num palacete a escassas dezenas de metros, na pequena cidade de Rodes.

2 comentários:

  1. Pode-me traduzir aquele insulto esquisito? Está em língua de gato ou em língua de cão?

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