Tenho andado a ouvir (falta-me
o impagável César das Neves) o que pensam os nossos políticos e comentadores
televisivos acerca da «passagem do risco» da escadaria do parlamento na
sexta-feira passada por alguns dos manifestantes das forças de segurança. Quase
todos entendem que as polícias não deveriam dar tal exemplo, defendendo os
restantes, como a presidente do parlamento (com medo de levar a tal paulada
prometida pelo ex-capitão Vasco Lourenço), que os polícias foram gajos
porreiros e se portaram muito bem, limitando-se a sentar-se nas escadas
para descansar e a regressar às suas casas para jantar. Ora se aqueles
manifestantes estivessem armados e tivessem prendido os deputados e os membros
do governo que se encontravam dentro do edifício, conquistando a seguir as Tvs,
aeroportos e a adesão dos militares, seriam imediatamente aclamados nas ruas de
Lisboa por centenas de milhar de cidadãos, como aconteceu em 25 de Abril de
1974. Mas os tempos são outros, e todos sabem que o governo não é esta
rapaziada irritante, impreparada e aldrabona, o verdadeiro governo é
constituído pelos agiotas legais que vêm emprestar dinheiro ao país. Se
naquele dia tivesse acontecido a revolução prometida por Mário Soares, em breve
o povo voltaria a sair à rua, desta vez contra os revolucionários porque todo o
país ficaria completamente paralisado e «teso». É por isso que as forças
armadas gregas, bem mais poderosas do que as portuguesas, têm andado caladas.
Sem comentários:
Enviar um comentário