terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Um maestro esperto


O maestro Miguel Graça Moura foi condenado nesta terça-feira, em Lisboa, a uma pena de cinco anos de prisão suspensa por igual período de tempo e a pagar 690 mil euros à entidade gestora da Orquestra Metropolitana de Lisboa e outros 30 mil à Câmara de Lisboa. Se parte desta verba não for paga no prazo de um ano, o maestro será obrigado a cumprir pena de prisão. Os factos remontam à década de 1990, altura em que Graça Moura fundou a Associação Música, Educação e Cultura, instituição financiada pelo Estado e por várias autarquias e na qual acumulava vários cargos, incluindo o de maestro titular da Orquestra Metropolitana. Em 2003, uma auditoria revelou um rol de gastos estranhos: camisas de seda, charutos e passeios de balão, mas também vestidos, cuecas de fio dental e até um frigorífico, comprado na Tailândia. O músico nunca negou nenhuma das despesas, no valor total apurado de 720 mil euros, alegando que serviram para promover a orquestra no estrangeiro (!!!). A acusação refere também que o maestro viajou para os Estados Unidos, Argentina, México, Tailândia e Singapura, despendendo um total de 214.377 euros. Em despesas de restaurante, em Portugal e no estrangeiro, Graça Moura gastou mais de 80 mil euros. O MP destaca ainda despesas de 52.542 euros em livros. Este Chico-esperto criou uma associação privada paga exclusivamente com dinheiros públicos. E como o cofre do Estado era um poço sem fundo (estamos agora a sentir os efeitos), toca de roubar a torto e direito e «promover» a orquestra no mundo! Estou a imaginá-lo a dizer agora aos amigos: «os tipos do poder que roubaram mais do que eu não são presos nem têm de devolver o que roubaram?»

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