O secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa,
Paulo Júlio, é acusado, pelo Ministério Público, de ter beneficiado um familiar
num concurso quando era presidente da Câmara de Penela. Em causa está a
candidatura a um lugar de chefia na autarquia, que viria a ser ocupado por um
primo do autarca. Paulo Júlio, acusado de prevaricação, é suspeito de conduzir
o concurso de forma a que o perfil exigido correspondesse às
características do familiar. O governante já disse estar "tranquilo" (!!!). Trata-se de um
crime previsto no Código Penal. Mas nenhum autarca o teme. A generalidade
das Câmaras (incluindo as do Partido Comunista, outrora consideradas mais honestas do que as outras) abre
concursos fantoches, publicados em Diário da República, apenas para
admitir nos quadros os amigos. Os candidatos, que vêm de longe para
concorrer, julgando tratar-se de coisa séria, apercebem-se depois de que foram miseravelmente
enganados. Uma boa parte dos concursos internos e externos abertos na própria
administração central constituem também uma odiosa farsa. Os concursos de professores abertos pelo Ministério da Educação tinham
alguma credibilidade apenas porque os critérios objectivos legalmente estabelecidos eram aplicados
por computadores. Mas bastou que o actual Ministro (um homem sério) desse às
Escolas a possibilidade de serem elas próprias a gerir os processos de admissão
de professores, para que a corrupção se instalasse grosseiramente, tendo sido
grande parte dos concursos anulados pelo próprio Ministro na sequência de
investigações feitas com base nas reclamações dos candidatos preteridos. E os
corruptos directores escolares apanhados na fraude (alguns deles reles militantes partidários), julgando que nada lhes aconteceria, juntaram os alunos e os pais (como se fossem
carneiros), chamaram as televisões, e puseram os animais a protestar à porta das
escolas contra seriedade do Ministro. Claro que esses facínoras sem escrúpulos deveriam ser demitidos e presos, mas eles e elas sabem que continuarão nos seus cargos… É
odioso ver um país corrupto como Portugal funcionar nestes moldes, com troika
ou sem ela.
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