O descontentamento na
aldeia de Benquerença já se arrastava há algum tempo, acirrado por uma homilia
do padre Alberto, que incitou o povo a rebelar-se contra o «governo
incompetente, ladrão e aldrabão», um gesto reprovado pelo bispo da Guarda. Todos
os domingos, depois da missa, a população reunia-se no largo da igreja. Eram berrados
impropérios contra Passos e Portas e feitos incitamentos à independência
daquela Terra, com um historial glorioso e antiquíssimo. O principal agitador era, e continua a ser, um tal Borges, vindo das bandas de Cascais. Aquele movimento
revolucionário passou a ter eco em todo o País. No dia 2 de Junho de 2014 o
povo demitiu o presidente da junta de freguesia e declarou, na sequência de um
referendo de braço no ar, a «República de Benquerença, Protectorado de
Espanha». Borges, nos seus inflamados discursos na Rádio de Monsanto, explica aos ouvintes que o povo tem os mesmos direitos de Olivença, que no século XIX passou para as mãos de Espanha. Lembra ainda que um Estado poderá formar-se
dentro de outro Estado, tal como aconteceu com a República de São Marino e com
o Estado do Vaticano, em plena Itália. E recorda também que o Principado do Liechtenstein, no meio da próspera Suíça, é um Estado independente. A simpatia pelo
movimento espalhou-se e, em dois meses, o número de habitantes da aldeia
triplicou, passando para 1.800 almas. No dia 8 Borges foi eleito presidente da
República de Benquerença, em votação com braço no ar. Penamacor, Aranhas e
Safurdão também se destacam na defesa das suas integrações no Estado espanhol.
A Europa segue, surpreendida, os acontecimentos. Os odiados indivíduos da troika, que
permaneciam em Lisboa, deram às solas. No dia 14 Passos Coelho, com o seu ar de
ditador ignorante, fez um ultimato aos revolucionários: ou se rendiam até ao
dia 18 ou seriam implacavelmente atacados. No dia seguinte um guarda-republicano
fardado e com uma velha mauser ao ombro aproximou-se da aldeia e foi
prontamente abatido com tiros de canhangulo. Soube-se depois que o homem ia render-se.
No anunciado dia 18 aproximaram-se de Benquerença uma Companhia de Operações
Especiais da GNR e outra da PSP, bem armadas e municiadas. Mas, em vez de atacarem
os revolucionários, juntaram-se a eles. Passos Coelho ficou desesperado e,
pelas 20 horas, anunciou na RTP que enviaria a aviação bombardear Benquerença,
em defesa da integridade territorial da Pátria, quaisquer que fossem os custos
em vidas humanas. No dia 20 o governo espanhol fez uma declaração pública avisando
o 1º ministro português de que qualquer intervenção militar contra o povo da
República de Benquerença seria considerada um acto hostil a Espanha. Grandes
personalidades nacionais foram residir para o novo Estado, destacando-se Vasco
Lourenço, Otelo Saraiva de Carvalho e Mário Soares. O presidente russo Putin,
pensando na Ucrânia, fez uma declaração no dia 22 anunciando que apoia e
reconhece a nova República como protectorado de Espanha. À volta de
Benquerença, dia e noite, aumenta o número de barricadas de sacos de areia
trazida da ribeira da Meimoa. Na Serra da Opa permanecem entrincheirados
guerrilheiros prontos para o combate. Mas aconteceu um fenómeno inesperado para
o governo: todos os pilotos militares, empobrecidos e furiosos com os cortes
criminosos nos seus proventos, meteram baixa médica. O penamacorense Tó Zé
Seguro, patrioticamente, apareceu no dia 24 para acalmar os ânimos mas foi
insultado por Borges, levou uma paulada do capitão Vasco Lourenço e fugiu. Coelho
não desistiu e enviou como mediador o conhecido Matacão da Covilhã, grande
figura oportunista do PSD. Mas este foi derrubado por duas pauladas do capitão Vasco
e por um violento pontapé no rabo dado por Mário Soares. Entretanto chegaram a
Benquerenças, uma aldeia a 4 kms de Castelo Branco, várias unidades policiais e
militares, também fustigadas pelos odiados cortes. Pretendiam aderir à nova
República. Otelo gritava pelo rádio aos respectivos comandantes «porra,
camaradas, dirijam-se a Benquerença, aqui ao pé de Espanha, e deixem
Benquerenças em paz!». A confusão é enorme mas toda a gente entende que
desta vez os protestos serão violentos. Consta que junto da ribeira da
Meimoa estão a ser erguidas dezenas de forcas destinadas aos traidores da
Pátria e aos sabujos que todas as noites vêm apoiando nas televisões, em proveito
próprio, as perseguições de Passos aos servidores do Estado. A situação neste
momento é preocupante. Na fronteira espanhola estão 100.000 militares em
manobras. Cagado de medo, Passos pediu ajuda a Inglaterra, alegando uma aliança
de séculos que os ingleses dizem desconhecer. Penamacor, em 30 de Junho de 2014.
Não sabia que aqueles campónios do concelho de Penamacor eram tão bravos
ResponderEliminarO António José Seguro do PS é de lá e vai ser em breve um bravo primeiro ministro
ResponderEliminarO gajo que escreveu isto é mentiroso ou marado da tola. Eu moro em Penamacor e não sei de nada!
ResponderEliminarAinda nem sequer estamos em Junho. Isto é de doidos ou de bruxos
ResponderEliminarEu também sou da região. Conheço um comunistoide de lá, de uns 40 anos, de nome Borges, mas que mora em Oeiras e não em Cascais. Será esse o chefe da revolta anunciada pelo Serrano?
ResponderEliminarCamaradas, "o povo é sereno, é só fumaça".
ResponderEliminarÉ só fumaça, uma porra! As coisas estão a ficar azedas
ResponderEliminarMas quem pensa este gajo qué? Stás a pedilas ai stás stás. Catanos ma tchaparem se não dou um arraial neste gajo. Aparece prá qui este cara de nabo a mandar vir e um gajo tem qaturar isto, olha questa! Vai lá, vai! Bencridos unidevos todos e podndevos a pau.
ResponderEliminarEste gajo das 16:54, um analfabeto que nem escrever sabe, não acredita nos vaticínios do Serrano, que acerta sempre. Ele lá terá as suas fontes de informação
ResponderEliminarEstes Marmanjos parecem brincar com coisas sérias. Fiquem a saber, Senhores Nabos, que nunca uma prosa imbecil como a do Serrano esteve tão próxima da realidade, por um mero acaso.Este país de Merda vai explodir no próximo Verão. E a primeira bomba a explodir nem será em Benquerença, que nem sequer sei onde fica, mas em Lisboa.
ResponderEliminarOlhem, este fulano deverá estar a referir-se ou às bombas de São João ou às bombas que vão rebentando nas caixas multibanco! Este não é um País normal! É uma terra de cobardes! E também de ladrões políticos impunes ajudados pela justiça miserável que temos.
ResponderEliminarDepois de o pároco ter lido o texto do Serrano ontem à noite, já fugiram de Benquerença 24 habitantes, com medo da guerra. Os mais jovens, na casa dos setenta, estão determinados a ficar e a lutar heroicamente contra o Governo com todos os meios ao seu alcance.
ResponderEliminarEsses revoltados não têm razão alguma. Eu cá acho que, cada vez que o Governo quer endireitar as contas públicas, deverá retirar o dinheiro necessário apenas dos salários dos funcionários públicos e dos aposentados. E quando estes já não tiverem mais nada onde cortar, o Estado deveria vender-lhes os bens, os automóveis e as casas. Eu defendo apenas uma excepção, em sintonia com o meu chefe Costa: aos funcionários públicos do Banco de Portugal não deverão reduzir-lhes um centavo que seja, antes pelo contrário, todos deverão ser promovidos e ver os seus vencimentos actualizados acima da inflação. Eu, que sou funcionário do Banco de Portugal, não quero que nos apelidem de «funcionários públicos». Somos apenas «funcionários do Estado» com um estatuto especial.
ResponderEliminarVocê é um patriota do c., seu f. da p. Aprendeu com a camarilha do Poder e seus acólitos, que são ladrões ou aldrabões intocáveis. Eu vou votar é na p. que os p. Não, não é no pp (partido popular) do pp (paulo portas). É mesmo na p. que os p. E você e o seu chefe, seu porco imundo, talvez lá tenham as vossas forcas preparadas na tal ribeira da Meimoa.
ResponderEliminarO sargento João Santos
Não se irritem uns com os outros, camaradas e companheiros, todos vós sereis necessários para travar a luta contra a injustiça. Quando este maldito governo quer resolver os sucessivos problemas da dívida pública que os maus e corruptos políticos criaram, age como se tal dívida fosse apenas de uns (os trabalhadores e pensionistas do Estado) e não de todos, metendo repetidamente o focinho nos salários e pensões.Preparai as vossas armas e comparecei em Benquerença no próximo mês.
ResponderEliminarConsta aqui em Lisboa que o Otelo tem um problema. Ambas as suas esposas querem acompanhá-lo na GIB (Guerra da Independência de Benquerença). E ele não sabe qual é que deve levar, se a velha, se a nova. Se levar as duas corre o risco de as ver lutar entre si e não contra o Governo.
ResponderEliminarTambém Soares anda a pensar em duas coisas complicadas. O que fará às dezenas de milhar de livros que guarda na sua casa de Nafarros? Quem deixará a comandar a sua Fundação Mário Soares? Ele teme que a tradicional rebeldia do seu filho João Soares possa levar o Passos Coelho a confiscar-lhe as casas e a cortar-lhe o resto dos subsídios. No fundo parece não está certo que consiga em Benquerença fazer cair o maldito Governo.
ResponderEliminarHoje tenho andado por Fátima na esperança de fotografar a esposa de Mário Soares, Maria Barroso, que em tempos foi uma grande actriz. Todos os anos a vejo por aqui. Ela tornou-se uma grande crente quando, estando o seu filho João Soares quase a morrer em África, depois dum acidente de avião em Angola, se salvou por intervenção Divina, após as suas preces. E o marido Mário Soares, um ateu incorrigível, democrata que é, respeita a religiosidade de Maria. Portanto, Camaradas, hoje não haverá trabalho revolucionário. O pessoal de Benquerença poderá dormir à vontade.
ResponderEliminarImpressionado com esta prometida revolução, fui à famosa aldeia de Benquerença. Procurei o padre mas não estava lá. Falei com a ti Maria Jaquina que disse não saber de nada. O homem da loja ficou mudo. Anda por ali um secretismo muito estranho. Nem consegui apurar a morada do tal Borges. Ninguém sabe nada de nada, não consigo tirar nabos da púcara.
ResponderEliminarPorque é que não prendem o Borges antes que seja tarde demais?! Estou farta de revolucionários, o melhor é deixar estar esta merda como está, que os ladrões continuem a engordar e que os roubados continuem a emagrecer.
ResponderEliminarTerias razão ó Dona Vaca se eu estivesse no número dos que estão a engordar
ResponderEliminarAfinal de contas o Serrano tem razão. A guerra está a começar no PS e vai alastrar.
ResponderEliminarNaquela guerra os guerrilheiros limitam-se a atirar merda uns contra os outros. Mas na guerra de Benquerença tudo será a doer. Balas de 9 mm.
ResponderEliminarHoje é 9 de Junho e ainda não começou a revolução em Benquerença? Ou a revolução é o ponta pé amistoso e com grande elevação, que o Sócrates e a sua tralha estão a dar ao penamacorense António José Seguro, líder do PS?.
ResponderEliminarO modo de operar destes militantes partidários é do mais ordinário nível. Os gajos mordem-se uns aos outros quando estão próximos da árvore das patacas! Que porcalhada!
ResponderEliminarAli, na cidade da Guarda, há momentos, quando Cavaco Silva lia o seu balofo discurso do 10 de Junho, envolvido pelos berros dos descontentes, sentiu-se mal, desfaleceu e teve de ser levado pelos generais presentes. Mais tarde, ao recobrar a consciência, perguntou «quem são aqueles energúmenos ruidosos?». E um militar respondeu «São os revolucionários de Benquerença com o Borges à cabeça, Excelência, uma terra que dista poucos quilómetros daqui». E Cavaco perdeu de novo a consciência. Oxalá que já a tenha recuperado e se decida a enviar para o Tribunal Constitucional cada um dos elementos do Governo e cada cagalhão por este produzido.
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