quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O hospital, o médico e os palermas


Juntaram-se à volta duma mesa redonda um médico e vários palermas (comentadores televisivos e representantes partidários, incluindo um tal Paulinho das Feiras). Todos entendiam, excepto o médico, que a redução do défice do «HRP» (Hospital do Raio que os Partam) implicava o corte do salário dos funcionários que nele trabalham e não dos que o utilizam porque «os cortes terão de ser sempre do lado da despesa», devendo ficar os trabalhadores das empresas privadas imunes às crises orçamentais. Os princípios da igualdade, da equidade, da justiça e da lógica não interessavam para coisa alguma, em situação de défice elevado, haverá que sacar tudo aos trabalhadores do sector público e nada aos do privado. Irritado, o médico perguntou aos lorpas presentes «Um trabalhador não tem direito à remuneração?». «Tem», condescenderam. «Então se o governo já me cortou metade, quanto irá cortar-me mais enquanto não eliminar o défice?». «A metade que resta», responderam os iluminados palermas.

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