Foi ministro da República e presidente da Câmara Municipal de Cascais. Tive-o sempre por um homem sério e sensato. No final de Janeiro de 2010 António Capucho anunciou a suspensão do seu mandato na Câmara invocando "razões de saúde", tendo sido as suas funções assumidas pelo vice-presidente. E pensei então «é mais um homem bom que se afasta da política». Porém, para minha surpresa, ultimamente, tem-se destacado pela formulação de críticas ininteligíveis. A primeira, e menos importante, é dirigida ao seu partido: “A direcção nacional vetou-me ao ostracismo, isso é um facto. Eu soube pelos jornais designadamente que tinha deixado de ser membro do conselho de Estado”, “O partido não está interessado em mim, eu não estou motivado para participar nos trabalhos do congresso…” Mas, tendo ele abandonado o cargo de presidente da Câmara por razões de saúde, que persistiam um ano depois, segundo declarou, que lugares públicos desejaria ele agora ocupar?! Se lhe fosse dado um relevante lugar no Estado, não iria ele pouco depois demitir-se invocando as mesmas razões de saúde?
Mas a sua crítica pública mais grave, que me parece absurda e lesiva do interesse nacional, é o facto de ele considerar um «disparate completo» a diminuição do número de freguesias e de municípios!
As Câmaras Municipais, com honrosas excepções, são em geral comandadas por militantes partidários incompetentes e pouco escrupulosos. Têm um funcionamento desregrado e são em número excessivo, não passando muitas delas de instituições sorvedouras de recursos públicos escassos e sítios de favorecimentos, de negócios e de corrupção. Dos 308 municípios actuais, 115 têm menos de 10 mil habitantes e 38 têm menos de 5 mil. Cidadãos esclarecidos e isentos vêm defendendo há muito a redução drástica do número de freguesias e de concelhos. Mas, por mero oportunismo político e eleitoralismo demagogo, governos do pós 25 de Abril, em vez de terem extinto autarquias, criaram novos concelhos e freguesias. Impunemente!
A Dinamarca, em 2004, reduziu o número de municípios de 271 para 98. E em Portugal, no ano de 1836, dos 817 municípios existentes restaram apenas 351. Presentemente, neste ano de 2012, aproveitando a oportunidade única da presença e da pressão legítima da Troika que nos governa, deveria abandonar-se de vez a demagogia e proceder-se a uma célere reforma administrativa que reduzisse para um terço o número de Municípios e de Freguesias. Em muitas localidades, onde agora existem sedes de Câmaras Municipais autónomas passariam a existir delegações subordinadas a outras Câmaras. E nem seria necessário despedir-se funcionários.
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