A vida está cara, os paroquianos vão empobrecendo com a crise instalada, a caixa das esmolas fica cada vez mais leve e os tempos prometem ir de mal a pior. Mas o padre da minha freguesia, não sei por que vias, consegue arranjar dinheiro para comprar montes de foguetes. É um maníaco de foguetórios…
Pum! Pum! Pum! Pum, Pum!
Acordo com frequência irritado com esse ruído estridente e odioso. Não existem paredes nem vidros duplos que o abafem.
Haverá ainda algum patego na freguesia que consiga divertir-se ouvindo estrondos no ar? O que passará pela cabeça do Senhor Prior para, dia sim, dia não, incomodar tanta gente?
Por tudo e por nada, o prelado manda para o ar um Pum! E tanto pode ser às sete da manhã como à meia-noite. E por vezes o foguetório dura mesmo o dia inteiro.
Fiz questão de ir à Igreja e perguntar ao sacristão os porquês de tantos foguetes.
-- Hoje é o dia da Santa….
-- E ontem?
-- Foi o dia de São….
Maldito padre, hei-de lixá-lo!
Ando com uma centena de folhas nas mãos tentando reunir as assinaturas de todos os fieis de ouvido menos duro e inteligência mais aguçada para pedir ao bispo que desterre o homem para um sítio mais conveniente, algures onde, num raio de cem quilómetros, não haja vivalma, talvez no deserto do Saara, longe de tudo e de todos.
Sem comentários:
Enviar um comentário