terça-feira, 26 de abril de 2011

FUTEBOL



Acho curioso o facto de, restando agora quatro equipas a disputar a Liga Europa, três serem portuguesas: o Porto, o Benfica e o Braga. Isso dá-me a ideia de que Portugal, afinal, poderá ser bom nalguma coisa, que não apenas na corrupção, na aldrabice, na dívida externa e no reinado dos medíocres.
Agrada-me essa coincidência (serei patriota?!) mas devo confessar que não entro num campo de futebol desde os meus 13 anos de idade, quando acompanhava o meu tio Fernando a ver as partidas do Sporting local. Nem voltarei a entrar.
-- Fora o árbitro!
-- Ladrão!
- -Filho da puta!

Compreendi que aquele não era o meu meio ideal, estava ali a mais.
Reconheço que o futebol de alto nível envolve habilidade e arte mas não duvido de que os estádios são os lugares que atraem maior número de facínoras por metro quadrado.  O comportamento criminoso das claques do Porto e do Benfica demonstra isso mesmo. Quando há semanas vi pela tv aquele conjunto de bandidos, junto do estádio do Benfica, a apedrejar a polícia e a escavacar os carros estacionados, compreendi que só as balas reais os poderiam travar, não as balas de borracha… 
Mas essa doença típica de labregos não é exclusiva de portugueses. Basta recordarmos os problemas de violência gerados por bestas inglesas por essa Europa fora. Nas três vezes que fui a Londres procurar emprego, alojei-me num hotel central e barato, de grandes proporções, designado de «Royal» qualquer coisa, ali na Russel Square. Lá, nunca deixei de ouvir um bando de três ou quatro energúmenos ingleses berrarem todas as noites, afinando as goelas para se comportarem «condignamente» nos espectáculos do seu clube. Numa daquelas vãs estadias vi a polícia, no final de uma tarde, arrastar um dos repugnantes vermes pela rua fora. Mas à noite lá estavam eles de novo no seu canto, com as vozes esganiçadas, impedindo os hóspedes de dormir tranquilamente.
-- Mas sou obrigado a ouvir essas bestas todas as noites?, protestei.
-- Nós ali não poderemos intervir porque a tasca que se situa no átrio do hotel não está sob a alçada da gerência!
Não voltarei a pôr os pés naquele dormitório barato mas ruidoso, que mais me faz lembrar um estádio de futebol rasca.

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