sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A imparcialidade dos magistrados de topo



Ao entrar na taberna daquela politizada aldeia alentejana para tomar um café, surpreendeu-me o movimento desusado de fregueses que festejavam o dia dos «Antónios». Um deles, com um jornal nas mãos, saltou para uma mesa e leu a primeira notícia: «Cândida de Almeida, procuradora-geral-adjunta, declarou numa reunião partidária do PSD que os políticos portugueses não são corruptos». Ouviu-se então uma sonora gargalhada. Depois leu: «o procurador-geral da república Pinto Monteiro disse que sairá do cargo com a consciência tranquila porque durante o seu mandato foi justo e imparcial com os políticos reinantes ». Uma nova gargalhada sacudiu a sala. Finalmente, com ar solene, o alentejano gritou: «Cândida de Almeida garantiu que o ministro dos negócios estrangeiros Paulo Portas não é suspeito da corrupção, nem do conhecimento dela, à volta da compra dos dois submarinos à Alemanha». Aí, às gargalhadas sucedeu-se um coro de rancorosos protestos que me levaram, por precaução, a sair para a rua.

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