Ele é meu amigo. Vem consultar o blogue, escondendo-se atrás do biombo. Não é propriamente
o conteúdo dos escritos que lhe interessa, ele pretende fazer uma análise cuidada
da minha disposição, do meu estado de alma em cada momento. Uma espécie de cientista
da psicologia. Crê que eu sou espontâneo, que penso o que escrevo e digo o que
penso. E se eu me ausentar por muitos dias, ele teme que eu tenha caído na
falésia, onde quase todas as noites vou pescar. É então que recorre aos amigos
comuns: «viram-no? Aconteceu-lhe alguma coisa?». E se eles não souberem, liga
incessantemente para o meu telemóvel, que anda quase sempre desligado.
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