Quando foi membro da Assembleia Municipal da Covilhã destacava-se de
todos os outros. Não pela qualidade mas pela altura. Irritado com o seu
blá-blá-blá primário e confuso, o tipo da direita perguntou-me «quem é
este matacão?». O José Sócrates estava perto e sorria com malícia enquanto o José Luís
Arnault discursava em vão porque ninguém o entendia. Falando atabalhoadamente,
nada dizia. «Porque é que aquele rico licenciado em direito, em vez de obter os
5 anos do curso numa universidade exigente e credível como a universidade de
Coimbra ou a de Lisboa, optou por uma reles universidade privada?» perguntou-me
o tipo da esquerda. O Arnault contrastava com o pequeno (em estatura)
sindicalista Luís Garra, um operário formado com a 4ª classe, que proferia
intervenções convincentes, lógicas, escorreitas, as quais arrumavam o paleio chocho
do José Luís. É um político voluntarista e atiradiço. Mandem-no defender que o
mundo é quadrado e ele provará isso mesmo com o tal palavreado redondo.
Mandem-no depois defender que o mundo é triangular e ele explicará por A mais B
que o mundo é um triângulo. Raciocina pouco mas opina muito. E vai-se safando…
Deixei a assembleia municipal e voltei à Serra, onde passava férias. Dias
depois regressei a Lisboa, tendo-me lembrado deste homem grande apenas num
destes dias, quando me entrou pela casa dentro, via televisão, onde debitava
monstruosidades para «demonstrar» que era justo cortar 10% nas pensões dos
ex-funcionários do Estado, por força de uma absurda «convergência», que ninguém sabe o que é. Um ano depois de lhes terem sido cortados outros
10%, a juntar a cortes mais pequenos.
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