quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

ACT- IGT – A guerra das máfias (capítulo 3)

No seio da Inspecção Geral do Trabalho já existiram ao longo dos anos escaramuças envolvendo pequenas máfias organizadas e técnicos honestos e competentes que, para sobreviverem com dignidade, foram obrigados a combatê-las. Mas uma guerra tão generalizada, espalhafatosa e pública como esta, jamais havia acontecido. Nem na IGT nem na  Administração Pública em geral. Este é um «case study» que os cientistas de sociologia política poderão vir a apontar como o exemplo acabado do estado a que o Estado chegou. E nem sequer se trata de rapaziada gulosa social-democrata ali depositada pelos distraídos governantes actuais, é malta que vem do governo socialista.

Esses intrépidos guerrilheiros são os dirigentes máximos de uma importante Instituição do Estado. Digladiam-se ferozmente, procurando cada facção arrebanhar para a peleia o maior número possível de funcionários inspectivos. Tudo por causa dos poleiros e do domínio da capoeira!

O grupo do inspector-geral foi duramente atacado. Mas eis que começam a surgir alguns bombardeamentos pesados contra o grupo dirigente rebelde. A primeira bomba que aquele acaba de lançar é um e-mail, também anónimo, que imputa graves irregularidades aos dirigentes que desencadearam as hostilidades, identificando-os claramente pelos nomes e lugares que ocupam e garantindo que mais metralha se seguirá.

Os guerreiros envolvidos nestas sangrentas batalhas, embora inimigos entre si, permanecem entrincheirados nos seus lugares oficiais, combatendo ao lado uns dos outros nos respectivos gabinetes e continuando a «dirigir» a Instituição, a bem da Nação. As figuras menores, comparsas colocados estrategicamente em chefias locais pelos rebeldes, põem em minoria o grupo do inspector-geral, pior organizado mas disposto a recuperar o terreno perdido.

A perigosa bomba de fragmentação agora lançada pelo grupo do inspector-geral atingiu gravemente vários rebeldes, que neste momento lambem com raiva as feridas. Não vou citar os seus nomes nem os vícios denunciados porque, servindo eu de jornalista imparcial, temo levar com algum estilhaço, vindo de um ou do outro lado, sobretudo num momento em que os órgãos de informação não me dão a necessária cobertura, uma vez que ainda não relataram estes recentes desenvolvimentos.

Mesmo assim, não resisto à tentação de me referir a um dos chefes rebeldes agora atingidos, porventura o mais importante, com o curso de história no currículo e que se foi especializando nos últimos anos em coisas ligadas à higiene e segurança no trabalho, uma complexa área mal regulamentada e sempre deficientemente conduzida pela IGT. Chamemos-lhe o Heródoto, pela sua formação académica e pelo seu gosto pela geografia planetária, observada «in loco».
Antes de mais, vejamos o seu belo gabinete de trabalho, fotografado pelos inimigos e mostrado nos e-mails.
Será lícito deduzir que o Heródoto é uma pessoa organizada, carregada de trabalho e afogada em papéis oficiais tratados e estudados com carinhosa minúcia.
O grupo do inspector-geral acusa-o de receber um subsídio de 700 euros mensais, pago aos inspectores pela penosidade e elevado risco da sua profissão. Mas, a avaliar pelo aspecto do seu gabinete, não será Heródoto também vítima de uma vida profissional penosa ao serviço da pátria? E, sendo assim, não será profundamente injusto que a nova lei orgânica do Ministério venha extinguir cegamente o seu insubstituível lugar de chefia, talvez por velhaca pressão do grupo do inspector-geral?
Acusam-no, entre muitas coisas, de se ter aproveitado das facilidades do regime e de se ter tornado um viajante compulsivo, com mais de 100 viagens oficiais ao estrangeiro «ao serviço de si próprio», com suculentas ajudas de custo e sem apresentar ao chefe os respectivos relatórios.
Acusam-no de  andar «sempre de costas voltadas para o trabalho, porque fica muito cansado das viagens…»...
Acusam-no de …..   Bem, não digo mais. Eles que provem o que estão a afirmar, através de documentos colocados na internet e nos jornais, tal como o grupo de Heródoto fez…

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