Alguns ciganos integraram-se
na sociedade e não se distinguem dos outros. Mas são uma minoria. Trato-os bem (não
vá o diabo tecê-las) mas eles olham-me como um objecto potencialmente útil, tentam
perceber se eu lhes posso valer nalguma coisa como por exemplo arranjar-lhes boas
casas sem renda ou subsídios da Segurança Social. Todos os temem, ninguém quer problemas
com eles, desde os fiscais da Caixa, os professores, os médicos e enfermeiros
dos hospitais, as brigadas de trânsito, as polícias de rua, os guardas das
cadeias e os próprios magistrados. Isoladamente são cobardes, mas em grupo são
perigosos. Os agentes de autoridade quando enfrentam ciganos deveriam levar a
cara tapada. Mais uma vez, polícias no cumprimento do seu dever, andaram
envolvidos com um bando de ladrões. Confusão para aqui, tiro para acolá e eis
mais um jovem cigano morto (eles são tantos!). Claro que os pobres agentes de
autoridade temem as consequências, não apenas as vindas de uma hierarquia que não
os defende mas sobretudo as negras ameaças de centenas de ciganos que foram ao
funeral e que juram vingança.